Nunca aconteceu de você broxar? Relaxa. Você só não é uma pessoa que transa ou transou bastante, e tá tudo bem.
“Enquanto eu tiver língua e dedo, mulher nenhuma me mete medo”, meu avó costumava dizer. Era só mulher mesmo, vô? O sangue que corre em minhas veias tende a desacreditar.
Ainda assim, essa história de língua e dedo chegou até mim, e entre dedadas e linguadas, de maneira um tanto destemida, cheguei até aqui.
Só que, assim, não vamos mentir e dizer que o medo não existe, até porque um pau duro sem aditivos é sempre honesto. E a verdade da frase repetida pelo meu avó mora justamente em saber que, no fim das contas, a ausência do membro em riste não é o fim do mundo.
A broxada é transcendental, não enxerga gênero, não se limita ao sexo.
E se você chegou até aqui ainda pela fofoca, na fissura por saber se eu já broxei ou não, vou facilitar sua vida listando algumas brochadas que guardo no coração.
Uma das primeiras aconteceu no auge da paudurescência. Estava eu lá, jovem professor, animado coma possibilidade de dar um grande passo na carreira, mas ainda bem apegado ao lugar que havia me acolhido e dado a primeira oportunidade.
Foi numa segunda-feira pela manhã, bem cedo. Cheguei no curso de inglês que trabalhava e encontrei a sala suja. Comentei com minha chefe, ela respondeu que só eu me incomodava.
Não deu outra, broxei. Mas, seguindo o sábio dizer do vô Aldemiro, botei a língua para trabalhar e fui fazer um oral. Digo, uma prova oral. Só faltava essa etapa para ser aprovado por um outro curso muito maior, e que pagava mais. E não é que meu oral era bom? Me contrataram. E eu, incomodado, me mudei.
Anos depois, ainda no auge da paudurescência, o mesmo local que havia aprovado meu oral insistia em me dizer que minhas aulas sempre tinham algo a melhorar. Broxei, né? É claro que poderia fazer isso ou aquilo diferente, até porque existem infinitas maneiras de ser fazer algo; é claro que a gente sempre pode melhorar. Mas, na boa, o melhor que eu poderia fazer eu fazia. E, sem modéstia alguma, minhas aulas renderam muitos orgasmos por aí. Beijava sempre o gramado antes de entrar em campo, fazia gol de cabeça, tirava a camisa para comemorar e o caralho. No fim, estava sempre nos braços da torcida.
Broxei e fiquei puto. Apelei pros dedos, comecei a dedar o teclado até atingir a letra G e não deu outra: me tornei escritor.
Se rolaram outras brochadas por aí? Muitas. Coisa de gente transante, gente que, vira e mexe, acha algo broxante.
Mas eu tenho língua, dedos e um jeito só meu. Afinal, nessa de escrever me descobri artista, e só eu pinto como eu pinto.
“Fui ali viver a vida e morri de amores” é o espaço que Diogo Ramos encontrou no Fantástico Guia para falar sobre como sobreviver à vida e sobre viver a vida.
Só faz falta quem não vai com as bolas
Comecei a ler achando que era algo erótico e me surpreendi! Muito bom! 😄